Festa de Agosto São Thomé das Letras 2024
Festa de Agosto São Thomé das Letras 2024

Confira as atrações gratuitas da Festa de Agosto em São Thomé Das Letras em 2024.

A Prefeitura Municipal de São Thomé das Letras, através dos Departamentos de Cultura e Turismo, tem a honra de convidar você para prestigiar a tradicional Festa de Agosto, que este ano acontece nos dias 23, 24 e 25 de agosto de 2024.

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Todos os shows serão gratuitos a partir das 23h na Praça do Rosário (Infelizmente o Centro de Eventos ainda está embargado pela justiça).

Programação:

  • Dia 23/08 (sexta-feira): Zé Geraldo e banda
  • Dia 24/08 (sábado): Maria Gadú
  • Dia 25/08 (domingo): Fiduma & Jeca

História da Festa de Agosto em São Thomé das Letras

A justificativa exata para se afirmar a real iniciativa da criação da secular “Festa de Agosto” em São Thomé das Letras carece de uma investigação minuciosa, pois em tempos atuais vem sendo evidenciada como a “Festa da Colheita”.

As chamadas “FESTAS DE AGOSTO” surgiram no Brasil nos idos do Século XIX, influência da cultura portuguesa.

Tomando por critério esta afirmativa “colheita” foi preciso buscar informes verídicos ocorridos nos tempos do Brasil Colônia partindo da decadência da produção aurífera nas últimas décadas do século XVIII, o que desencadeou um movimento migratório das vilas do ouro para outras áreas da Capitania das Minas Gerais.

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Rapidamente a cafeicultura se difundiu, transformando-se na principal atividade da Província de Minas Gerais durante o Brasil Império e agente indutor de povoamentos e criação de vilas e aldeamentos, entre diversos rincões.

Embora nas cercanias de São Tomé com Baependi e Encruzilhada (atual Cruzília), a cultura do café não fosse tão intensa, vale-se apontar que Baependi se destacava entre os maiores produtores de fumo na transição de Brasil Colônia e Império. Apesar da então o “Curato da Parocchia da Vila de São Tomé da Serra das Letras estar subordinada à Baependi, não dispunha de estradas de interligação passíveis de tráfego de veículos automotores para “escoar” uma produção agrícola em fração economicamente viável, além do relevo montanhoso com serras íngremes, mudanças bruscas de temperatura, solo pedregoso, arenoso e pobre em nutrientes, asem contar a falta de mão-de-obra. Dessa forma, as culturas se resumiam em pequena escala, uma “agricultura de subsistência” para garantir a sobrevivência das famílias e da pecuária em pequena escala, porcos, galináceos e cabras.

A função do aldeamento de São Tomé das Letras era eclética. Um local estratégico para pouso e abastecimento de tropas, moradia de escravos alforriados, sexagenários, crianças, religiosos, homens “de confiança”, que respondiam pela administração de determinadas áreas ainda em processo de adequação para formação de pastos e possivelmente extração de madeira nas terras mais amplas e planas destas bandas da Sesmaria do Campo Alegre e indivíduos de certa “influência” aos quais eram disponibilizados os casarões para moradia e/ou guarda de ferramentas, sacarias, selaria e outros apetrechos.

Nas datas festivas a população local chegava a dobrar, somando a chegada de visitantes da circunvizinhança, familiares e parentes mais distantes para uma confraternização de caráter social e religioso, concentrada na área do adro da igreja matriz (hoje Praça Barão de Alfenas). Tradicionalmente celebrada no penúltimo final de semana do mês de agosto, sendo organizada e coordenada pela Paróquia, no objetivo de promover uma “comunhão social”, considerada uma ação a qual aproxima as pessoas e constrói relações interpessoais através da contingência amigável na forma de escambo, onde cada família ou grupo oferecia, sem uso de moeda diversos gêneros alimentícios, como quitandas, doces caseiros, queijos, aguardente, toucinho, frangos, linguiça e bebidas diversas. Os participantes chegavam na sua maioria em montaria, mas haviam aqueles que vinham a pé e em carros de boi.

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As festas eram compostas por missas, novenas, procissões, fogos de artifício, bailes, além de comilança e bebedeiras. Em um ambiente extremamente pobre em atividades sociais e culturais, estas ocasiões tinham grande importância para a população em geral. A atividade das barracas e tendas comercializando um pouco de tudo era considerada como o lado “profano” do festejo.

O ponto alto da festividade era a procissão, liderada por autoridades religiosas locais e, já no século XX, com a presença do bispo da diocese consorciada à paróquia. Conforme as tradições culturais espalhadas por diversas regiões do estado de Minas Gerais, as FESTAS DE AGOSTO estão relacionadas ao FOLCLORE (o Dia do Folclore é 22 de agosto), ligadas às crenças que o povo de cada localidade tem em seu Padroeiro e nos santos homenageados durante essas festas, como Nossa Senhora do Rosário, São Sebastião, o Espírito Santo (além do Senhor São Thomé) que fortificavam a poder da Fé e dar continuidade à importância da tradição da cultura religiosa da Igreja Católica.

Com o passar dos anos, nos primeiros anos da década de 40, devido à “descoberta” do uso comercial da pedra quartzito sericítico houve a abertura de uma estrada trafegável para veículos automotores, sendo fator expressivo para a vinda de centenas de visitantes, visivelmente crescente a cada ano, que se acomodavam nos casarões, dormindo sobre colchonetes de capim ou palha. Também havia boa parte de viajantes que se acomodavam em casas de parentes ou amigos na zona rural, em acampamentos improvisados e até dentro de veículos e sobre a carroceria de caminhões geralmente dormindo em colchonetes de capim, trazidos nos caminhões.

Também começaram a surgir caixeiros viajantes e vendedores ambulantes (as chamadas “barraquinhas”), ocasião oportuna para retirar “de dentro do colchão” o dinheiro economizado durante os meses do ano para a compra de artigos que não eram vendidos nas poucas vendas da “Vila”, como um radinho de pilhas portátil, um par de sapatos “vulcanizados”, roupas “de baixo”, um frasco de perfume ou quem sabe uma bolsa tiracolo…

A música sempre foi uma regra nessa festividade. Os “arrasta-pés”, bailões e forrobodós aconteciam tanto em “praça pública” quanto dentro de casarões, de maneira mais familiar, animados por sanfoneiros, violeiros e músicos locais e da região, de forma “improvisada”.

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Já durante as procissões e liturgias a musicalidade ficava por conta da Banda Marcial Municipal (Lira São Thomé), sob regência (anos 40 a 70) de um maestro (podendo -e devendo- citar o Maestro Acyndino J. Ferreira). Porém com a modernização dos meios de comunicação, pouco a pouco foram sendo substituídos por grupos musicais e cantores em posição de “destaque” e som “mecânico”.

A festa foi se popularizando e certamente pelo fluxo turístico que se fortaleceu a partir da década de 80 os costumes religiosos foram sendo reduzidos. Hoje não mais existe a procissão acompanhada da banda marcial, nem o escambo e nem as verdadeiras raízes que um dia foram a alegoria de um povo cujas tradições caíram no esquecimento e a localidade tendo sua Identidade Cultural perdida.

Portanto, a FESTA DE AGOSTO nada tem haver com “Festa da Colheita” e sim uma celebração ao PADROEIRO SENHOR SÃO THOMÉ (não confundir “Festa do Padroeiro” com o “DIA DE SÃO TOMÉ APÓSTOLO” (dia 3 de julho).

Quando falamos em tradições de um povo, entendemos que se trata da transmissão de costumes, hábitos, crenças, memórias e outros fatores que foram adquiridos e mantidos ao longo dos anos, ao longo das gerações, as tradições têm grande peso na formação de cultural de todas as pessoas.

Texto do historiador, Ricardo Kayapó Anunnaki – historiógrafo, escritor, jornalista, arquivista e gestor de acervos. Presidente fundador da Academia Santhomeense de Letras, Arte e Cultura. Atualmente ocupa a posição de Curador do Museu Casa de História (com sede própria no Bairro da Pontinha – zona rural de STL).

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Com informações da página do Facebook oficial da Prefeitura de São Thomé das Letras.